O Observatório Socioambiental do Acre tem acompanhado a enchente no Estado do Acre desde o dia 23 de março, após uma intensa chuva na capital Rio Branco e em pelo menos 5 cidades do Acre. A situação já dura cerca de 11 dias e o nível do Rio Acre atualmente é de 17,69 metros nesta segunda-feira, 03. Até o momento,56 mil pessoas foram atingidas pela cheia do Rio Acre, segundo a Defesa Civil do município.
Por parte da Prefeitura, R$ 5 milhões estão destinados para assistência aos moradores desabrigados e desalojados. Já o Governo Federal prometeu destinar R$ 8,7 milhões para ações de assistência humanitária. Os municípios de Epitaciolândia, Assis Brasil, Xapuri e Brasiléia também estão entre os que foram mais atingidos por enxurradas e enchentes de rios e igarapés no Estado.
Apesar das ações imediatas para atender a situação de calamidade pública, o que pouco se sabe é que o município possui materiais elaborados a respeito da atual circunstância. No ano de 2020, foi publicado pela prefeitura de Rio Branco e outros parceiros um documento intitulado “Plano Municipal de Mitigação e Adaptação às Mudanças do Clima” que apresenta em um de seus tópicos a dinâmica de enchentes entre os anos de 1971 a 2019.
O documento é um dos únicos materiais dessa natureza existente para municípios na região amazônica e justifica a ocorrência das enchentes pela ocupação desordenada do solo sem “planejamento adequado ou de respeito ao plano diretor”.
O material não trata especificamente das enchentes, mas inclui ações para a redução de desastres naturais às mudanças climáticas relacionadas, como inundações.
No Acre, o período de janeiro a maio é caracterizado pela sazonalidade das chuvas, que podem ser intensas e prolongadas, que podem levar ao aumento no volume de água dos rios e lagos, causando enchentes nas áreas próximas. Fato é que, o próprio documento informa que o município possui conhecimento de que 73% das enchentes tendem a ocorrer nos períodos de fevereiro, março e abril, mesmo que no último de maneira um pouco mais incipiente.
Para reduzir os impactos das enchentes no Acre, é necessário adotar medidas que considerem tanto os fatores naturais quanto os antrópicos, incluindo a gestão territorial e a melhoria da infraestrutura urbana. Essas colocações são pré-definidas no documento e também colocam que apesar de ser de conhecimento da população e do poder público, sobre os possíveis riscos associados a tais áreas, não há muito que possa ser feito a curto prazo.
No entanto, a necessidade de pensar um plano para conter os efeitos gerados pela cheia do rio Acre não tem origem nos anos recentes, ou a curto prazo, já que o nível do rio Acre começou a ser registrado em 1971 e desde então vivenciou enchentes, em grande e menor escala. Em complemento a isso, o documento aponta o perfil das enchentes durante o período estudado, apresenta o objetivo dos planos de contingência anuais e que nos anos referente do estudo apenas 12 anos não sofreram com enchentes.
De 2023 a 1971, há um espaço e tempo histórico que possui cada vez mais acesso à informação científica consolidada e baseada em modernos instrumentos de previsão e monitoramento. O Acre continua sendo afogado pela falta de compromisso de seus governantes e pela ineficiência na aplicação de políticas públicas que estejam minimamente atreladas ao bem-estar das famílias afetadas.
Fica claro que o município juntamente com o Estado possuem conhecimento prévio sobre a situação, logo, é possível também identificar que a dificuldade está em mitigar essas informações para a população e adaptá-las conforme o passar dos anos. Essas Políticas devem ser de conhecimento público para não serem implementadas e elaboradas apenas por atores governamentais, mas priorizar um processo que valorize o caráter participativo do processo.
Para que e para quem são implementadas e elaboradas as políticas de mitigação e adaptação climática no Estado? Por que problemas tão antigos são sempre atualizados para permanecerem tão recentes? Por que continua-se investindo em executar planos de contingência imediatos e não em planos estratégicos e estruturados para resultados a longo prazo? Essas são perguntas a serem feitas antes que outras catástrofes aconteçam. E até o momento, seguimos observando e contando.
Para mais informações: https://ipam.org.br/wp-content/uploads/2021/03/IPAM-PLANO-MITIGACAO-RIO-BRANCO_V34.pdf
Por parte da Prefeitura, R$ 5 milhões estão destinados para assistência aos moradores desabrigados e desalojados. Já o Governo Federal prometeu destinar R$ 8,7 milhões para ações de assistência humanitária. Os municípios de Epitaciolândia, Assis Brasil, Xapuri e Brasiléia também estão entre os que foram mais atingidos por enxurradas e enchentes de rios e igarapés no Estado.
Apesar das ações imediatas para atender a situação de calamidade pública, o que pouco se sabe é que o município possui materiais elaborados a respeito da atual circunstância. No ano de 2020, foi publicado pela prefeitura de Rio Branco e outros parceiros um documento intitulado “Plano Municipal de Mitigação e Adaptação às Mudanças do Clima” que apresenta em um de seus tópicos a dinâmica de enchentes entre os anos de 1971 a 2019.
O documento é um dos únicos materiais dessa natureza existente para municípios na região amazônica e justifica a ocorrência das enchentes pela ocupação desordenada do solo sem “planejamento adequado ou de respeito ao plano diretor”.
O material não trata especificamente das enchentes, mas inclui ações para a redução de desastres naturais às mudanças climáticas relacionadas, como inundações.
No Acre, o período de janeiro a maio é caracterizado pela sazonalidade das chuvas, que podem ser intensas e prolongadas, que podem levar ao aumento no volume de água dos rios e lagos, causando enchentes nas áreas próximas. Fato é que, o próprio documento informa que o município possui conhecimento de que 73% das enchentes tendem a ocorrer nos períodos de fevereiro, março e abril, mesmo que no último de maneira um pouco mais incipiente.
Para reduzir os impactos das enchentes no Acre, é necessário adotar medidas que considerem tanto os fatores naturais quanto os antrópicos, incluindo a gestão territorial e a melhoria da infraestrutura urbana. Essas colocações são pré-definidas no documento e também colocam que apesar de ser de conhecimento da população e do poder público, sobre os possíveis riscos associados a tais áreas, não há muito que possa ser feito a curto prazo.
No entanto, a necessidade de pensar um plano para conter os efeitos gerados pela cheia do rio Acre não tem origem nos anos recentes, ou a curto prazo, já que o nível do rio Acre começou a ser registrado em 1971 e desde então vivenciou enchentes, em grande e menor escala. Em complemento a isso, o documento aponta o perfil das enchentes durante o período estudado, apresenta o objetivo dos planos de contingência anuais e que nos anos referente do estudo apenas 12 anos não sofreram com enchentes.
De 2023 a 1971, há um espaço e tempo histórico que possui cada vez mais acesso à informação científica consolidada e baseada em modernos instrumentos de previsão e monitoramento. O Acre continua sendo afogado pela falta de compromisso de seus governantes e pela ineficiência na aplicação de políticas públicas que estejam minimamente atreladas ao bem-estar das famílias afetadas.
Fica claro que o município juntamente com o Estado possuem conhecimento prévio sobre a situação, logo, é possível também identificar que a dificuldade está em mitigar essas informações para a população e adaptá-las conforme o passar dos anos. Essas Políticas devem ser de conhecimento público para não serem implementadas e elaboradas apenas por atores governamentais, mas priorizar um processo que valorize o caráter participativo do processo.
Para que e para quem são implementadas e elaboradas as políticas de mitigação e adaptação climática no Estado? Por que problemas tão antigos são sempre atualizados para permanecerem tão recentes? Por que continua-se investindo em executar planos de contingência imediatos e não em planos estratégicos e estruturados para resultados a longo prazo? Essas são perguntas a serem feitas antes que outras catástrofes aconteçam. E até o momento, seguimos observando e contando.
Para mais informações: https://ipam.org.br/wp-content/uploads/2021/03/IPAM-PLANO-MITIGACAO-RIO-BRANCO_V34.pdf